Combinando o rigor visual de Hitchcock com o desencanto doméstico do cinema americano dos anos 70, "Swallow - Distúrbio" mergulha num conto moderno sobre controlo, trauma e resistência. Haley Bennett oferece uma interpretação hipnotizante como Hunter, uma dona de casa aparentemente perfeita que começa a ingerir objetos perigosos, numa tentativa silenciosa de recuperar algum sentido de poder sobre o próprio corpo e a sua vida. Partindo de uma premissa insólita, o filme desmonta com subtileza — mas sem rodeios — os mecanismos da opressão patriarcal e da violência emocional. O desconforto inicial cresce até se tornar um grito contido, canalizado através de uma mise-en-scène precisa e de uma estética imaculada que contrasta com o caos interior da protagonista. "Swallow - Distúrbio" é simultaneamente, uma sátira, uma fábula feminista e um estudo clínico sobre ansiedade e solidão. Uma joia rara: tão elegante quanto perturbadora.