Simon Nuchtern assina um delírio testosterónico sobre rodas — um western sujo e exagerado em que os cavalos foram substituídos por motos, camiões e até um tanque (!). Apesar de claramente limitado pelo orçamento, "Amanhecer Selvagem" transpira carisma e energia bruta. A história é simples: herói taciturno chega a uma vila deserta para enfrentar um gangue de motoqueiros psicopatas. Mas o charme está nos detalhes — e no elenco de peso. Lance Henriksen lidera com punho de ferro e uma cobra na mão (literalmente), Karen Black desliza como femme fatale sem escrúpulos, Richard Lynch é o vilão ideal e William Forsythe rouba cenas com sadismo juvenil. Há pausas, tropeções e cortes visíveis no orçamento, mas isso só reforça o espírito grindhouse da coisa. "Amanhecer Selvagem" é uma confusão gloriosa, entre o pós-apocalipse e a série B clássica, que não se leva a sério — e por isso mesmo, conquista. Macho, violento, e ridiculamente divertido.