"Nova Religião" é uma experiência desconcertante e profundamente atmosférica, onde o luto se transforma num portal para algo muito mais sinistro. Keishi Kondo oferece uma narrativa surreal e meditativa sobre uma mulher devastada pela perda da filha que, aos poucos, mergulha numa espiral de manipulação espiritual e terror existencial. Através de encontros enigmáticos com um fotógrafo que a convence a "ver" novamente a filha, a protagonista vai perdendo o controlo sobre o seu corpo e mente. Cada sessão fotográfica representa uma nova etapa na sua desconstrução emocional — e, talvez, física —, como se algo invisível estivesse a ganhar forma a partir da sua dor. Com uma estética fria, minimalista e carregada de simbolismo, "Nova Religião" é menos sobre sustos e mais sobre inquietação. Um filme sobre ausência, obsessão e o preço de tentarmos alcançar o inalcançável.