Miguel Ferreira reinventa o clássico de Edgar Allan Poe e mergulha-o num dos períodos mais sombrios da história portuguesa: o Estado Novo. Numa sala fria de interrogatório, uma jovem assume a culpa pelo homicídio de um homem com um olho de abutre — mas à medida que o seu monólogo se desenrola, o que emerge é mais do que uma simples confissão: é um retrato de culpa, paranoia e desumanização institucionalizada. Visualmente austero e emocionalmente abrasivo, "Our Tell-Tale Heart" transforma um clássico do terror psicológico num grito abafado contra os fantasmas reais da nossa história.