"Matiné Sangrenta" é uma carta de amor ao Giallo e ao slasher clássico, banhada em celulóide sujo e sangue vivo. Numa sala de cinema chuvosa e quase deserta, um assassino meticuloso dá início a um banho de sangue, enquanto o público — e nós com ele — permanece em silêncio, sem mensagens, sem escapatória. Maximiliano Contenti recria a textura do terror dos anos 80 com detalhes deliciosamente retro, desde a estética a 35mm até à banda sonora sintetizada, mas fá-lo com um olhar contemporâneo e firme. As mortes são brutais, coreografadas com prazer perverso, mas o verdadeiro trunfo está na forma como o realizador injeta frescura num molde familiar. Mais do que um exercício de nostalgia, "Matiné Sangrenta" é um slasher com personalidade, ritmo e visão. Não é apenas um pastiche: é um manifesto de que o terror de culto ainda pode evoluir sem perder a alma. Uma celebração sangrenta do cinema como ritual coletivo — e, claro, do medo partilhado às escuras.